Emoções, sentimentos dos mais variados e junto com eles um maior entendimento da formação da esquerda, do exército e seu poder, das idéias e ideais da época, da revolução, da tortura, da repressão. Uma aula de história contada por quem viveu e assistiu a ditadura como personagem.
A dor, o sofrimento, a humilhação sofridas naqueles porões não é mais percebida nos traços do professor de jornalismo Álvaro Caldas algumas décadas depois. Mas, ela está ali e se faz presente em cada página daquele livro. Cada vez que alguém “tira o capuz” e mergulha nesse período da história brasileira, os portões do DOI -CODI são abertos e toda a atmosfera é revivida.
O autor é um dos protagonistas da tragédia política ocorrida no Brasil. Sob a forma de romance / reportagem o jornalista narra com lucidez e emoção, inteligência e sensibilidade o período pouco conhecido na sua particularidade. O autor consegue transmitir ao leitor, sem cortes e edições, o que sentiu e viveu sem reduzir seu texto a um mero depoimento passional.
Com o distanciamento necessário, usa sua própria experiência e a objetividade jornalística para analisar e contar a trajetória da luta armada contra a ditadura. O momento de maior aflição e agonia se dá na narrativa das torturas. Não dá para não se envolver e comover com tudo. A forma como está exposta toda a realidade nua e crua causa um embrulho no estômago, mas é o impacto logo no início da obra que possibilita toda a reflexão que se segue.
As ações e aventuras a bordo do “gigante da Colina” (o fusca), os encontros nos “aparelhos”, as reuniões, o movimento estudantil, as visitas de sua mulher Suely, o nascimento de sua filha na clandestinidade, a militância no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), a tortura, a prisão no Regimento Sampaio e toda a conjuntura dos anos 70 estão dispostos e divididos em 10 capítulos, organizados por assuntos afins, costurados e resgatado por lembranças. O vai e vem da história contada dá ritmo e dinamismo à leitura.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
dúvidas e mais dúvidas
Pensando na aula de jornalismo e instigada por questões freudianas me pus a refletir sobre qual será o futuro do repórter. Não almejo ser uma “provedora de conteúdo”. Não quero que o repórter se torne um fofoqueiro do cotidiano. Massa crítica, análise, foco, destaque, ângulo, visão e perspectiva de trazer consciência ao povo. Minha missão não é contar aos outros o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Não pode ser. E por mim não será. Fazer história? Quem sabe.
Para concretizar as dúvidas e incertezas que cercam esse mundo globalizado, do mercado, do profissional multimídia, do abalo global, das crises, das bolhas, da política, do consumo, Carlos Alberto Di Franco - ontem na página 7 do Globo – aumentou o nó que agora já não sei mais desatar.
Exigem de nós, aspirantes a jornalistas uma maior qualidade na apuração, um aprofundamento e numa corrente oposta nos é imposto um profissional multifacetado, informado – que possa fazer matéria para o jornal, rádio e tv – pensando na linguagem, no tamanho, no tempo. Como agregar qualidade, entrevistas cara a cara, textos bem feitos se tudo precisa sair no mesmo segundo que acontece?
É impossível e improvável que haja um profissional capaz de desempenhar com habilidade e perfeição tamanha lista de tarefas e ainda sim possa ser um jornalista de grandes reportagens. É simples: não dá.
Por tudo isso vejo que os bons, aqueles que chegaram lá, foram reconhecidos são poucos e raros. Jornalismo de qualidade demanda pessoal e tempo. Jornalismo de hoje não tem mão de obra e muito menos tempo. E aí? Pra onde vamos?
Na teoria é lindo, mas na prática é duro.
Quero escrever para o leitor que Carlos Alberto disse em sua coluna existir- aquele que quer algo mais, não o que ele pode conseguir na televisão ou na internet.
A civilização é feita pela linguagem. É pela via de representação que o ser humano suporta a angústia de viver a cada dia. Não dá para pensar num futuro tão brochante. Não dá para não revestir de sentidos, signos para no fim das contas se transformar num mero “provedor de conteúdos”.
Para concretizar as dúvidas e incertezas que cercam esse mundo globalizado, do mercado, do profissional multimídia, do abalo global, das crises, das bolhas, da política, do consumo, Carlos Alberto Di Franco - ontem na página 7 do Globo – aumentou o nó que agora já não sei mais desatar.
Exigem de nós, aspirantes a jornalistas uma maior qualidade na apuração, um aprofundamento e numa corrente oposta nos é imposto um profissional multifacetado, informado – que possa fazer matéria para o jornal, rádio e tv – pensando na linguagem, no tamanho, no tempo. Como agregar qualidade, entrevistas cara a cara, textos bem feitos se tudo precisa sair no mesmo segundo que acontece?
É impossível e improvável que haja um profissional capaz de desempenhar com habilidade e perfeição tamanha lista de tarefas e ainda sim possa ser um jornalista de grandes reportagens. É simples: não dá.
Por tudo isso vejo que os bons, aqueles que chegaram lá, foram reconhecidos são poucos e raros. Jornalismo de qualidade demanda pessoal e tempo. Jornalismo de hoje não tem mão de obra e muito menos tempo. E aí? Pra onde vamos?
Na teoria é lindo, mas na prática é duro.
Quero escrever para o leitor que Carlos Alberto disse em sua coluna existir- aquele que quer algo mais, não o que ele pode conseguir na televisão ou na internet.
A civilização é feita pela linguagem. É pela via de representação que o ser humano suporta a angústia de viver a cada dia. Não dá para pensar num futuro tão brochante. Não dá para não revestir de sentidos, signos para no fim das contas se transformar num mero “provedor de conteúdos”.
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